sexta-feira, 25 de março de 2011

Guachass - Guachass

Hard Rock | Uruguay | Riot Grrrl | Indie | Uruguaias gostosas gritando num microfone

1 - Dirty Harry
2 - White Thunder
3 - Pulpo
4 - Lulu
5 - Motörheadero / Motörslut
6 - Psycho-Boy

      Eu normalmente chego em casa todo dia depois das 23hrs, direto da faculdade. No ônibus, acabo ouvindo coisas depressivas e calmas porque eu estou destruído, cansado e com um sono de proporções épicas. Eis que hoje assisto a aula da manhã por motivos irrelevantes e saio de lá animado porque chegarei em casa na hora em que normalmente acordo. Pra realmente dar essa animada, resolvi ouvir algo mais contagiante. Procurei na tag HARD ROCK que tinha no iPod e fiquei fuçando lá. Ouvi Black Drawing Chalks, MQN, Hellacopters e Forgotten Boys. Eis que passa o nome Guachass na lista e tento lembrar o que que era. Apenas uma mensagem passou no meu cérebro: uruguaias gostosas tocando hard rock. Era o necessário.

      Fui ouvindo isso e batucando o ônibus inteiro. Eu realmente empolgo muito quando ouço músicas animadas no ônibus. Ontem fui ouvindo Lack Of Afro e quando percebi estava estalando os dedos, batendo o pé, balançando a cabeça e assobiando aquele fuzz nervoso. Acontece que a música de Guachass é bem, bem animada. Bateria rápida, riffs destruidores na guitarra, o baixo marcante e a (sensualíssima) voz da vocalista rastejando entre as batidas dos pratos. Fiquei tão animado com a coisa que estou postando essa raridade aqui que possui apenas 376 ouvintes no Last.fm (espero que aumente consideravelmente após essa postagem).


      Uma amiga minha que me mostrou isso e quando ouvi foi incrível. Porém como toda pessoa, eu tenho minhas fases musicais e acabei abandonando o Hard Rock por outras coisas. Eis que hoje redescubro essa maravilha e posto aqui para vocês conferirem. Para falar a verdade, não achei NADA sobre a banda exceto uma definição (em espanhol) que tem no myspace deles:

      "Ahogados en un Montevideo gris, Guachass nace a mediados del 2004 de la necesidad de Camila G. Jettar, Flor B. Ungo y Marian G. Deus por tocar y sentir rock n roll. Las tres chicas de alrededor de 20 años ya habían probado los escenarios del under montevideano en bandas como Tom-Boy (de los primeros grupos de mujeres del país) y Estúpidos. Reclutado Martin (Los Hermanos Montenegro), se concluye la idea. Guachass se mueve con pasos agigantados. Durante el 2005 comparten escenario con Motosierra, Santa Cruz, Hablan por la Espalda, Culpables, Silverados.. En 2006, la formación se hace definitiva con la llegada del nuevo baterista, Federico Mollinari, cabalgador nato de piernas largas hasta el cielo. Este mismo año se dan las primeras visitas de la banda a Buenos Aires, tocando con Los Alamos, Satan Dealers.. Son aplaudidas fluidamente por un público de la vieja escuela que las recibe con respeto. Finales de 2007: la alianza Guachass – Los Natas existe, se concreta con el primer show en Niceto apadrinadas por la banda stoner mas importante de Sudamérica, de resultado exitoso. El combo se repite a lo largo de los años siguientes."

      Bem, se você conseguiu entender, tudo bem, se não, eu resumo o som deles em algumas palavras: quebradeira, mosh, mulheres, velocidade, guitarra, mulheres, bebida, bateria, mulheres, etc. Precisamente nesse disco, ou melhor, neste EP, lançado em 2007, o som é focado nessa velocidade que eu disse. É animado e perfeito pra quando você precisa sair por aí balançando a cabeça e esquecendo de todas suas responsabilidades. Seria trilha sonora de uma briga de bêbados em uma taberna. É muito fácil imaginar cadeiras voando, um homem deslizando sobre a mesa do bar e garrafas estourando na cabeça de outro, apenas com o som deste pequeno disco de dezesseis minutos de duração.


      Dirty Harry tem um das composições mais legais do disco. Uma voz sussurada, quase bêbada e a guitarra destruidora que entra aos quase dois minutos de música. Interessante como a música termina em um riff que dá inicío para a outra. Você vai ouvir e pensar que é o fim de Dirty Harry, mas é o começo (na mesma tonalidade) de White Thunder, minha preferida do álbum. Quase quatro minutos de uma voz rouca e cansada cantando uma letra mais do que incrível, acompanhada de riffs nervosos dobrados na guitarra e no baixo. Apesar de serem uruguaias, o disco todo é cantado em inglês, o que facilita o entendimento. Pulpo é instrumental mas nem precisa de letra pra transmitir o rock 'n roll que é tocado na pentatônica feita na Gibson Les Paul de uma das gostosas integrantes. Lulu é a mais pauleira do disco. Um screamo sinistro feito pela vocalista é acompanhado pela voz de uma das também gostosas integrantes. A quinta faixa é também uma das mais pesadas junto com Psycho-Boy, que também é acompanhada por vocais de alguma das també- PAREI, JURO.

      Então, uma resenha pequena para vocês de um disco que vai deixar você descabelado e com o pé formigando de tanto imitar um bumbo de bateria. É bem provável que quem gosta das bandas que citei lá em cima vá gostar de Guachass, porque além do peso instrumental e da adrenalina em suas músicas, o fato de serem mulheres (tem um homem na banda mas quem liga?) que fazem esse som é de deixar qualquer guitarristazinho no chinelo e qualquer apreciador do sexo feminino mais chocado ainda, hahaha. Enfim... Bom proveito! Deixo também o myspace do grupo para consulta antecipada do disco oficial deles!



http://www.myspace.com/guachass

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domingo, 20 de março de 2011

Godspeed You! Black Emperor - F♯A♯∞

Post Rock | Experimental/Clássic | Ambient | Instrumental

1 - The Dead Flag Blues
2 - East Hastings
3 - Providence


      Antes de mais nada, deixe-me listar certas aptidões necessárias para que você, desconhecedor desta banda, consiga apreciar as únicas três músicas contidas neste grande disco:
1º: você tem que gostar (bastante) de post rock;
2º: você tem que ser paciente pra caralho.

      Foi difícil acostumar com o som de Godspeed You! Black Emperor (inteligentemente simplificado em GY!BE) por fatores de fácil entendimento: há uns dois anos comecei a conhecer o tal do post rock. Fui atrás das bandas mais famosas como Mogwai, Explosions In The Sky e Sigur Rós. Acontece que meu amigo Last.FM foi me mostrando toneladas de bandas que seguiam os mesmos padrões sonoros dos grandes nomes do post rock. Apesar de tudo, não é ainda um gênero muito divulgado pelas mídias, então era meio difícil eu conseguir ouvir tudo o que eu queria. Acontece que, sem eu querer, acabei ouvindo GY!BE.


      Acho que o maior fator que contribuiu com o fato d'eu não gostar de GY!BE era que eu não ouvia música clássica. Cheguei a ouvir bastante de Chopin, Brahms, Bach, Beethoven e Mozart quando tocavam umas sessões alemãs numa rádio daqui de Belo Horizonte, exatamente ao meio dia. Isso deve ter uns 4 anos. No meio tempo em que não ouvi nada disso, me desacostumei com músicas de longa duração, típicas da música clássica. Acontece que a maioria das músicas do Godspeed You! tem, em média, vinte minutos. No encarte dos discos vinha, dividido por nome e duração, os "movimentos" de cada faixa. Só pra constar, neste disco são:

1 - "The Dead Flag Blues" — 16:27
      1 - "The Dead Flag Blues (Intro)" — 6:37
      2 - "Slow Moving Trains" — 3:33
      3 - "The Cowboy..." — 4:17
      4 - "The Dead Flag Blues (Outro)" — 2:00

2 - "East Hastings" — 17:58
      1 - "...Nothing's Alrite in Our Life..."/"The Dead Flag Blues" (Reprise) — 1:35
      2 - "The Sad Mafioso…" — 10:44
      3 - "Drugs in Tokyo" — 3:43
      4 - "Black Helicopter" — 1:56

3 - "Providence" — 29:02
      1 - "Divorce & Fever…" — 2:44
      2 - "Dead Metheny…" — 8:07
      3 - "Kicking Horse on Brokenhill" — 5:53
      4 - "String Loop Manufactured During Downpour..." — 4:36
      5 - (unlisted segment of silence) — 3:32
      6 - "J.L.H. Outro" — 4:08

      Antes de falar do disco, falemos da banda. Foi montada em Montreal, em 94. É praticamente uma orquestra, apesar de quando formada possuir apenas três membros, GY!BE já passou por formações que incluíam 20 pessoas tocando, mas desde 1998 foi oficializada com 9 integrantes. Apesar d'eu caracterizar o som como post rock, GY!BE se diferencia, principalmente, pela experimentação. Trechos de diálogos, sons feitos usando instrumentos atípicos e mash-ups são presentes em praticamente todas suas composições. Essa experimentação fez com que influencias que vem desde a música clássica até o progressivo infiltrassem em suas músicas e definissem o som de Godspeed You! Black Emperor, como uma coisa única... especial.


      Com nove membros, a questão instrumental é quase um mistério. Cada um toca um pouco de tudo, possuindo incrível flexibilidade musical. Além disso, as apresentações contam com efeitos artísticos criados por eles mesmo, chegando até mesmo a chocar o público devido suas tendências pessoais e artísticas refletidas nos shows. Suas letras, presentes em algumas músicas através de diálogos, gravações antigas ou até mesmo trechos de rádio, possúem uma certa inclinação política, já que vários integrantes se definem como anarquistas. A exemplo disto, a primeira faixa desde disco, logo no começo, já mostra o forte sentimento político presente nas composições do grupo. Godspeed You! Black Emperor entrou em hiato no final de 2002 devido a vários motivos, como a existência de projetos paralelos de integrantes do grupo, como "A Silver Mt. Zion", "Fly Pan Am", "Hrsta", e "Set Fire to Flames".

      GY!BE levou a alcunha de uma banda anti-social, pois no começo da carreira evitava entrevistas, mostrando uma certa ignorância com a mídia musical. Com o passar dos anos, adaptaram-se e mostraram-se mais vezes através do guitarrista e tecladista Efrim Menuck, que respondia às entrevistas. Porém, com essa aparição de um único integrante, acabou sendo levado como líder da banda, coisa que ele desmente e explica que todo o trabalho do GY!BE era feito em conjunto. Mas voltando ao som do grupo, possuem violino, cello, cravo e, às vezes, um trompete ou um metalofone. É essa variedade musical que diferencia GY!BE do típico post rock que existe por aí.


      F♯A♯∞ é o disco de estreia do GY!BE. Lançado em 1998, pirou a cabeça de todo mundo. É um disco denso. Pesado. Apocalíptico. Anuncia o fim do mundo e as desgraças provenientes de tal acontecimento. Cidades em ruínas. Sociedades destruídas e tudo do pior possível é descrito nas suaves linhas musicais de todo o disco. Não tão suaves, porém... Pois se trata de GY!BE. Sendo assim, o inesperado é a única coisa que você pode esperar deste disco. Como eu disse, possúi um aspecto negativo, apocalíptico, porém pode te surpreender a qualquer momento e te colocar numa situação, digamos... diferente.

      "The Dead Flag Blues" começa sob uma névoa de desconfiança. Então uma voz te leva até uma pequena viagem ao fim do mundo, onde, se você fechar os olhos e seguir a narração, poderá facilmente imaginar-se do lado do homem que narra a história. Depois de um tempo, o ambiente muda e você pode quase imaginar-se em uma praia. A surpresa mesmo fica para os dois minutos finais, que são, no mínimo, bem dançantes. "East Hastings" inicia com uma voz também, mas é uma voz de verdade. É possível ouvir os carros, as buzinas e até a fumaça que sai do ônibus e do cigarro do transeunte. A voz saí de um homem anunciando o fim dos tempos. É meio chocante e dá até uns calafrios. Mais calafrios vem quando a música encontra a voz e tudo se mescla em uma coisa apenas. "Providence" é tocante, divina. Te transpõe e te faz imaginar um lugar totalmente diferente desse seu quarto em que você está lendo isso agora.





      Coloco aqui a primeira música do disco, o começo e o fim, só pra vocês pereceberem que aquele meu papo de "inesperado" não era enrolaçao. Tente acompanhar a letra, que é bem simples e resumida. Ah, vou deixar de enrolação e deixo aqui o link pra download. Já digo: é bem provável que você não goste de cara, mas seja paciente e veja que no fim das contas você vai ouvir tudo e, quando acabar, vai dar play de novo. Um bom proveito!

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sábado, 12 de março de 2011

Gilberto Gil - Gilberto Gil

Tropicália | Bossa Nova | MPB | Puta disco lindo do caralho

1 - Nega (Photograph Blues)
2 - Can't Find my Way Home
3 - The Three Mushrooms
4 - Babylon
5 - Volkswagen Blues
6 - Mamma
7 - One O'Clock Last Morning, 20th April 1970
8 - Crazy Pop Rock
9 - Can't Find my Way Home (live)
10 - Up From the Skies (live)
11 - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (live)


      Estamos de volta! Afinal, todo carnaval tem seu fim. E falando em carnaval, provavelmente a minoria dos leitores da Taverna deve ter tido a oportunidade de conhecer esta clássica festividade em sua época de ascenção, cerca de 50 a 40 anos atrás. O que vemos hoje como a "Velha Guarda" das escolas de samba era a ponta do iceberg de várias mudanças sociais que estavam acontecendo aqui em nossa nação. Não vou dar uma de professor de história e roubar minutos de sua leitura explicando isto, então resumirei a década de 60 em três momentos importantíssimos: A Ditadura Militar, a Invasão Britânica e a Tropicália.

      Do regime militar vocês estão cansados de estudar sobre isso e já sabem que durante tal época, ninguém podia abrir a boca senão acabaria embaixo de sete palmos de terra. Para os leigos, a Invasão Britânica não foi um grupo de barcos ingleses invadindo o Brasil com chás e canhões. A música se resumia ao blues e ao jazz em toda a mídia que divulgava música. Então os Beatles, Stones e aquela cambada toda que seu pai insiste para você ouvir (ouça) revolucionaram o cenário musical de todo o mundo, inclusive aqui na Terra do Pau-Brasil. No final da década de 50 o samba e a bossa nova dominavam os rádios. Porém estes mesmos rádios começaram, a partir de 1963, a tocar Twist And Shout e Route 66. O povo pirou. Os artistas e intelectuais piraram mais ainda, percebendo que a música tomava novos rumos e que o Brasil estava ficando sem identidade musical. Então o bicho pegou.

Um alfajor pra quem acertar o nome de todos.


      A quantidade de experimentações que começaram a ser feitas a partir de tal época foi incrível. Coincidentemente, a Ditadura Militar começou. A putaria que estava sendo feita com o povo fez com que manifestações de todo tipo começassem a ser feitas. A música foi um pivô crucial para a disseminação de protestos contra o governo. Porém em 1968 sái o AI-5. A repressão foi brutal. Os artistas que citei alí em cima, que protestavam em suas músicas contra o governo, tinham 3 rumos a tomar: se exilar, ser preso, ou trair o movimento (como o Roberto Carlos fez, rs). Chico Buarque e Caetano são os exemplos de exilados que todo mundo conhece, porém poucos sabem que nosso atual ex-ministro da cultura também esteve uns anos fora de nosso Brasil, se protegendo contra o regime militar e aprendendo durante sua convivência de três anos na Inglaterra.

      Gilberto gravou este disco em 1971. Como eu disse em alguma postagem bem antiga, 1971 foi um puta ano incrível da musica brasileira. Apesar de Gil estar na Inglaterra em tal ano (e cantar todo o disco em inglês), este álbum contribui significantemente para o acervo incrível de obras gravadas em tal ano. Eu até coloco uma tag nos álbuns de tal ano e pretendo ainda postar muitos outros, como o de Erasmo Carlos, Tim Maia, Elis Regina, Tom Zé e toda a trupe tropicalista que tocava o terror nos rádios e na TV. No fundo, este é um disco trabalhado em foco na voz e no violão de Gilberto, contendo, é claro, bateria, contra-baixo e uma guitarra bem nervosa às vezes, rs. Mas antes de ler qualquer coisa, tente tirar esta imagem de Gilberto da sua cabeça:


      Este é o Gilberto de 2009. O cara de que estou falando viveu há exatos quarenta anos atrás. Não tinha tererê no cabelo e não usava terno nem parecia com o Djavan. Este era nosso Gil que importa:



      Ok. Sabendo disso. Vamos ao disco, hehe! Baixei este disco ha muito tempo pelo excelente sacundibenblog (que sugiro que vocês acessem clicando aqui) e fiquei apaixonado de cara. Não só pela toda grandiosidade musical da obra, mas também pelas três faixas inclusas de um show que Gilberto fez no Brasil logo depois de voltar de seu exílio. Na verdade, "Gilberto Gil" tem oito faixas, mas as outras três são tão incríveis que vou mantê-las pra vocês ouvirem. Pra quem imaginava nosso Gilberto como ministro, de terno e sério, vai acabar conhecendo outro totalmente diferente, que toca Hendrix, Traffic e uma versão de Sgt. Peppers onde os saxs foram substituídos pela própria boca de nosso Gil, haha.

      "Nega (Photograph Blues)", resumida em violão, baixo, guitarra e a impecável voz de Gilberto, abre o disco dignamente, mostrando pra quem nunca ouviu o álbum que a qualidade do disco é mais do que alta. A versão gravada de "Can't Find my Way Home" é maravilhosa, apenas ouvindo pra poder tirar suas conclusões. Separo também a deliciosa "Babylon", onde Gil varia tanto o tom da voz que você se pergunta estar ouvindo ao mesmo cantor. Detalhe: você tem que ouvir tudo em um estéreo, senão vai perder a sensação de ouvir o violão em seu ouvido direito e um quase beat-box de Gilberto no outro ouvido. Também separo a bem humorada "Volkswagen Blues", contando a história de um fusquinha que quebrou o galho de Gilberto várias vezes e que, segundo ele, levou-o até a lua.


      Depois da longa aula de história, deixo-os livres para baixarem e curtirem esse álbum magnífico de um cara certamente mal interpretado musicalmente em nossa sociedade atual. Verei se consigo postar mais vezes na Taverna, mas a faculdade está comendo totalmente meu tempo, porém conseguirei vir aqui e mostrar algo bom pra vocês pelo menos uma vez por semana, rs. E não deixem de conferir o blog que citei, pra quem quer conhecer mais da música brasileira, é um pecado não conhecê-lo. Agora baixe, tire a bunda dessa cadeira e saia por aí assobiando Gilberto Gil por aí!


Download - 80MB

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Falcatrua - Falcatrua e o Pau de Arara Espacial

Alternativo | Blues Rock | Música pra ouvir sozinho no elevador e ficar dançando

1 - Polo Norte
2 - Pechincha
3 - Longos Dias
4 - Maracutaia
5 - Homem.com
6 - Peso da Vida
7 - Fliperama
8 - A nova
9 - Mequetrefe
10 - Quero saber
11 - Todo Mundo Quer
12 - Tupan-Ran-Tupan


      AEEEE VOLTEI PORRA NÃO ACREDITO. Que felicidade, gente. Sério mesmo, não sei como não consegui lembrar do prazer que é escrever aqui e não voltei logo. Disse que era pausa breve e acabou sendo quase tão grande quanto a última. Podem me culpar, pois no último mês minha vida tem sido um turbilhão. Alcancei minha maioridade e as coisas começaram a chegar no hard, incluindo ter que voltar a trabalhar com minhas aulas de violão, comecei a fazer faculdade (um trampo para arrumar os materiais) e um monte de outras coisas. Porém o que importa é que agora decidi voltar a postar algumas vezes na semana, nem que seja apenas uma, pelo menos para estar sempre mostrando algo novo para meus caros leitores.

      Um dia desses estava voltando da faculdade no maravilhoso horário de 22:30 e, cansado, resolvi botar Explosions In The Sky pra tocar. Porém meu Mal de Parkinson reprimido atacou e por um deslize acabei entrando nas músicas do Falcatrua, o nome abaixo da banda que eu desejava escutar. Tinha tanto tempo que eu não escutava os caras (com exceção de "Longos Dias") que fiquei curioso novamente e resolvi dar uma animada ao som deles. Como é de se esperar, minha reação foi realmente surpresa, pois quando os tinha ouvido não reparei tão bem nos arranjos e nas letras, desvalorizando o valor musical de suas composições. A surpresa foi grata e agradável, tanto é que fui até chegar em casa com este disco que, apesar de ter apenas 35 minutos de duração, é empolgante e animado.



      Falcatrua é uma banda daqui de Belo Horizonte. Infelizmente muito mal reconhecida em alguns pontos, porém cultuada pelos apreciadores de uma música boa. Com dez anos de estrada e, claro, muitas mudanças, Falcatrua é um híbrido, uma comédia e por quê não uma dança? Sua música é animada, crítica e algumas vezes pop. Acho interessante mencionar que os caras são gatos velhos da cena musical daqui de BH, passando por uma discografia que até inclui um tributo a Tim Maia, que pelo visto eles veneram. Além disso, André Miglio, vocalista, possui uma extensa carreira musical com excelentes influenciais que vão até do cinema à política, coisa que a qual tive o prazer de aprender algumas palavras dele num bar após sua apresentação no Parque Municipal em 2010.

      O disco que posto aqui é um exemplar de 2007, se não me engano. É engraçado a história de como ganhei esse álbum pois foi totalmente aleatório. Eu estava no ensino médio e uma rádio foi fazer propaganda (dela mesma) lá no tal colégio. Acontece que eu fui chamado pelo pessoal pra responder um quiz e acabei ganhando uma camisa do Pop Rock 2007 (que nunca usei), uma bic esferográfica e o Falcatrua e o Pau de Arara Espacial. Naquela época eu não sabia bolhufas sobre música e só fui dar importância a esse disco alguns anos depois, quando o achei numa das gavetas enterradas de inutilidades como cartas de Magic e livros roubados da escola. A questão que abordo nessa resenha não é só mostrar o bom lado musical que Falcatrua possui, mas salientar a aguçada capacidade de criticar sem aparentar estar criticando, coisa que você verá ao ouvir o disco.





      Como sempre faço, destaco algumas faixas como "Polo Norte", abrindo o disco com sua deliciosa linha de baixo e uma letra alerta e engraçada, descontraindo-nos do fato de que tal aviso cantado na música também serve para nós. "Pechincha", no vídeo acima, é animada, bem humorada e muito dançante. A única coisa que imagino é balançar a cabeça e sair rindo no meio de uma multidão. O troféu de mais bela fica com Longos Dias. Seu agradável trompete soa em uníssono com a suave guitarra que, por sua vez, estoura em um solo bem blues lá pro dois minutos de música. É incrível, só ouvindo mesmo. Por último, e não menos importante, fica "Homem.com", com a metódica bateria, uma letra muito mais que sagaz e um swing que James Brown teria inveja, haha!

      Bem, de resto é ouvir e curtir a ~dançabilidade~ em potencial que esse disco inflama nas pernas de cada um, rs. Deixo também uns links de acesso a sites relacionados à banda, fica a seu critério entrar ou não, mas é excelente conferir a imensidade do novo projeto de Falcatrua que está saindo agora, rs. Bom proveito a todos e, novamente, peço desculpas pela pausa de quase dois meses e digo que volto daqui uns dias pra postar mais coisa nova para todos. Abraços!


Site Oficial: http://falcatrua.com.br/blog

Myspace: http://www.myspace.com/bandafalcatrua

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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Mais um intervalo...


Galera, novamente peço a paciência de vocês para mais um (desta vez, breve) intervalo nas postagens do blog. O motivo é muito mais do que explicavel, pois nosso querido Tito precisa estudar para o vestibular, que é daqui dez dias.

Espero a compreensão.
Fui! (:

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

The Band - Music From Big Pink

Country Rock | Blues-Rock | 60's | Fucking good music | Musicians of Doom

  1. Tears Of Rage
  2. To Kingdom Come
  3. In a Station
  4. Caledonia Mission
  5. The Weight
  6. We Can Talk
  7. Long Black Veil
  8. Chest Fever
  9. Lonesome Suzie
  10. This Wheel's On Fire
  11. I Shall Be Released
      POSTEI NA TAVERNA AEAEAEAEAE. A Taverna tirou férias por um tempitcho, devido a ocorrência dos vestibulares e coisas de menino tentando virar gente. Mas isso tudo o Daniel explicou.
Tem tempo que eu num posto nada.... Até fui o ultimo a postar! Postei o Dark Side Of The Moon!! Que belezura, voltar com The Band então vai ser bacana...
O Daniel postou Tom Waits para a grande volta e eu vou botar uma banda de rock classico, que faz um rock bem calmo e bacana para limpar nossos ouvidos para a volta da Taverna.

      Vou contar sobre a banda então:
      The Band foi um conjunto da decada de 60, formado por quatro canadenses: Robbie Robertson (Guitarra, Piano e Vocais), Richard Manuel (piano, gaita, bateria, saxofone, orgão e vocais), Garth Hudson (orgão, piano, clavinete, acordeão, sintetizador, saxofone) e Richard Danko (baixo, violino, trombone e vocais). E um estadunidense: Levon Helm (bateria, bandolim, guitarra, baixo e vocais). Pronto. Num sei se você leitor reparou, mas toda turminha dessa banda é multi-instrumentista e quase todos cantam também!
The Band foi uma banda que fez um respectivo sucesso no meio artistico, mas se olhar a quantidade de pessoas que conhecem, da pra ver que não são muitos. Mas voltando ao meio artistico, todo mundo amava esses caras, até o proprio Bob Dylan.

      Dylan amou tanto os gajos que até saiu em turnê e gravou dois discos com eles. Os dois altamente aclamados pela critica. Outra jeito que levou The Band ao sucesso foi a escolha da musica "The Weight" para a trilha sonora de "Easy Rider - Sem Destino" filme que marcou os anos 60, a geração Beat e a geração Hippie. Mas voltando a esse disco. Num tenho muita coisa a dizer sobre esse disco não, so que ele é uma obra-prima, uma obra altamente aclamada dos anos 60 e vale muito a pena ouvir com cuidado.



      Pronto. Ouçam o disco e vejam o quanto você pode ser pouco musico perto desses caras.
      O post foi curtinho porquê eu fiquei meio desacostumado com escrever e essas coisas, mas nas proximas vezes eu escrevo melhor. E me desculpe pela falta de acentos e coisas assim, pois estou escrevendo de um notebook onde não tem acentos e os que tem não me obedecem. Abs.

Mediafire: The Band - Music From Big Pink

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Tom Waits - Small Changes (e um monólogo de desculpas)

Piano | Jazz Experimental | Blues (?) | DEUS

1 - Tom Traubert's Blues (Four Sheets to the Wind in Cophenhagen)
2 - Step Right Up
3 - Jitterbug Boy
4 - I Wish I Was in New Orleans (In the Ninth Ward)
5 - The Piano Has Been Drinking (Not Me)
6 - Invitation to the Blues
7 - Pasties and a G-String (At the Two O'clock Club)
8 - Bad Liver and a Broken Heart (In Lowell)
9 - The One That Got Away
10 - Small Change (Got Rained on with His Own)
11 - I Can't Wait to Get Off Work (And See My Baby on Montgomery Avenue)


AE AE QUE EMOÇÃO. A TAVERNA ESTÁ DE VOLTA! (tava na hora, porra)

Caramba, que nostalgia é postar aqui. Dois meses me deixaram desacostumado com o blog e quando resolvo postar sinto uma felicidade tão grande que é meio difícil de explicar. Sério. Cheguei a receber email de gente perguntando se o blog não voltaria ou se eu/tito morremos ou se simplesmente fui morar numa caverna. Mas não! Oe Oe, a Taverna está de volta com força total agora! Explicarei em poucas linhas (aham!) as diversas razões para o afastamento deste sucinto local.

Tendo praticamente dois meses da última postagem, Dark Side Of The Moon, do Tito, um período de incríveis coisas intermediou-se até aqui. Tivemos as provas vestibulares e, por incrível que pareça, este ser boçal foi aprovado pro curso de Design Gráfico na UEMG (digamos que nasci com a bunda virada pra lua). Isso tem mais ou menos umas duas ou três semanas. Daí decidi que, mesmo com a possibilidade de passar na UFMG, optarei pelo design por diversos motivos como, por exemplo, o horário extremamente cômodo para mim. Parei e pensei: poxa, agora não vou ter que fazer mais NADA até fevereiro, voltarei a postar na Taverna! Acontece que me empolguei demais em baixar filmes e ler, esquecendo totalmente da empoeirada Taverna.

Culpe Tarkovsky pela minha ausência.

Foda-se. Estamos de volta. Agora é só felicidade! Falando nisso, o disco que posto aqui é praticamente o oposto disso. Tom Waits, acho que como todos que liam aqui sabem, é um dos sujeitos que mais admiro, independente se for na música ou no cinema, o cara é incrível. Até nos shows ele sabe atuar. Eis que este disco me cativou nos últimos tempos (tanto é que se você fuçar no meu last.fm vai ver que esse maldito ultrapassou, em muito, os barbudos) por uma das singularidades que Waits apresenta em cada um dos seus discos. Foi subindo no meu conceito e agora o vejo como o maior exemplar do jazz de todos os seus discos, exceto, é claro, o One From The Heart, trilha sonora pra um dos filmes do Coppola.

Temos que levar em conta que Tom Waits gravava na Asylum, uma gravadora que na época trabalhava com força com pessoas que mixavam o jazz nas composições. Em 1976 Waits soltou esse disco e, de certa forma, chocou quem esperava algo como o Closing Time, disco dele de 1973, também da Asylum, porque este, meu caro, é jazz sim, mas um jazz diferente. Experimental. Pra você entender o choque que esse disco criou, você tem que conhecer o Closing Time, um disco de apenas três anos antes do lançamento deste. Quem ouvir o Small Changes de cara, vai dizer que é, provavelmente, um disco da década de 90 ou até mesmo dos 00's, porque vai ficar com memoráveis faixas como Step Right Up e Pasties and a G-String, que são composições extremamente experimentais e com conteúdo crítico, coisa que Waits ainda não tinha colocado em nenhuma obra sua (lembre-se das músicas melosas do primeiro disco).


Apesar desse experimentalismo inovador, Waits mantêm seu clássico piano na maioria das músicas, dando uma certa nostalgia ao tocar com suas letras depressivas e existenciais depois de uma turbulência de Step Right Up. De certa forma, Tom não larga suas origens nem no ápice do experimental como nos discos Rain Dogs e Bone Machine. O diferencial em Small Changes é exatamente esse hibridismo na obra, contrastando ora uma música composta apenas por um tambor, ora com saxofones, pianos e contra-baixos. Sem mais enrolação, falemos agora das músicas.

Waits consegue abrir o disco de uma forma meio, hmm... diferente. Intertextualiza (com força) com Waltzing Matilda, uma canção folclória australiana, colocando uma forca na tradição e transformando-a em uma depressiva canção de bêbado de rua. Step Right Up, seguindo, DESTRÓI a imagem do disco que você tinha. Um baixo constante, bateria rápida e um saxofone gritando no estéreo esquerdo. Além disso, uma letra incrívelmente crítica e, de certa forma, cômica, pois aborta o consumismo e o imediatismo humano dos últimos tempos ironicamente, como em: "Você precisa de perfume? Nós temos o perfume! Que tal um anel de noivado?" Então pulamos para a terceira faixa, uma de minhas preferidas.


Memórias e desejos saem de Jitterbug Boy. É linda. Piano e Tom Waits não dá pra sair algo ruim. Além da melodia, uma letra incrivel, tocante e absurda também... Ou será possível que a Marilyn Monroe tomou um salutar café da manhã no olho de um furacão? Seguindo a linha da memória, I Wish I Was in New Orleans é uma canção de saudade e desejo, já que Tom é fã de Louis Armstrong (que também, em Jitterbug Boy, se droga com o próprio Waits!) e lá onde foi que o bluesman viveu parte de sua vida. The Piano Has Been Drinking é um confissão de solidão. Waits joga toda sua culpa e tristeza em cima do coitado objeto de teclas brancas e negras. Evito comentar mais dessa música pois sugiro a incrível interpretação da letra pelos caras do Tom Waits Traduções Ltda. (clique pra acessar, derp).

Ainda na linha do piano, Tom nos convida para dar um passeio pelo seu blues em, claro, Invitation to the Blues. A sétima faixa nos pega de surpresa após o blues desta citada há pouco, pois só tem um tambor. Só. Haha, mas não deixa de possuir uma beleza indescritível da inocência desse (na época) jovem. Separo, por último mas não menos importante, a imponente The One That Got Away, que começa com um contra-baixo destruidor na companhia de simples estalares de dedos. Após isso vem o grave Tom de Waits e, claro, um saxofone. A partir daí é só prestar atenção no protesto sussurado e entrar no balanço do blues.

Um homem de megafone no deserto.


Bem, já falei demais. Agora vá baixar e ouvir esse deus gravado e entre no swing que emana de cada segundo deste disco.
Bom proveito!

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